sexta-feira, 27 de setembro de 2013

negue...

O cansaço chega e te rouba à vontade. Vida sem gosto. Asco do quotidiano. Injúrias de uma vida regada ao consumo.  Apatia. Insanidade. Vislumbres decadentes. Caracteres... dígitos... mecanicidade... Tudo que você construir vai ser falso, sem vida. Apenas consumo, apenas um caminho descartável que te faz afundar, que te engole como um abismo de lama. As amarras que te prendem, as mordaças que te calam, as rédeas que te guiam, são os mesmos cifrões que te fazem “feliz”. Minta pra si mesmo e envelheça com arrependimentos.  A vida real não é essa vida descartável onde a felicidade é vendida em porções. Ilusões só fazem brotar sorrisos amargos. O amor não pode ser comprado. Uma vida não pode ser comprada. Meu mundo não pode ser comprado. Então por que colocar preço em vontades, em desejos, em ideias? Tudo que te explora deve ser destruído. O dinheiro nunca deve estar à frente da felicidade. Por isso, negue o consumo, negue deus, negue as palavras de veneno, negue os covardes, negue a paz. O que cala deve ser combatido. O que causa a fome deve ser esmagado. O que causa o sofrimento deve ser extinto. O mundo já é ruim o suficiente. Não precisamos de mais correntes para arrastar. O câncer já faz você apodrecer a cada dia... então por que viver uma vida podre todo dia ao se levantar? Acorde por um segundo. Veja se vale a pena manter mundo que te esmaga... se matar em nome no lucro... sua vida vai além de seu consumo.        

sábado, 1 de junho de 2013

...tempestade

O dia morre, a peste domina, a dor se alastra. A dor de acordar sem forças te faz ansiar por um sacrifício. Eu não preciso entender motivos que te levaram a ficar cego, mas sei o motivo que te fez ter fome e chorar. O desânimo de uma tempestade cinza e cheia de raios te reduz a um pássaro no ninho onde o frio e o vento o intimida. O bravejo da cólera, o grito, a agonia... Esta é a proposta que você aceitou... Trocou sua vida por um punhado de moedas. Trocou sua vida por uma escolha infame. A decisão de permanecer em torpor é sua. O significado de sua clausura é sua estupidez... Hoje são dias menos cinzas para alguns que não se intimidaram em sair na tempestade e enfrentar a fome e a besta. Do frenesi a decadência... Com qual coragem você deve lutar? Com qual vontade? Com qual força? Continue adormecido e se enforque em mentias. A redenção e os cacos são seus méritos por deixar-se engolir por um caminho inútil e vazio. 

quarta-feira, 7 de março de 2012

negativo

Semear o espírito dos antigos que vagaram sobre essas terras e alimentaram o mundo com os conhecimentos para as crianças de uma nova era consumirem suas inocências e raivas juvenis, saboreando suas inquietudes e vontades de desafiar os que oprimem os sonhos. Muitos se perderam na viagem e adentraram em um mundo frágil e opressor. O ideal não deve morrer quando você morrer. O dever deve ser extinto e a beleza do motim deve ser o ideal. Não morra! Idéias não desaparecem! Nosso arsenal e militância ficam mais rebuscados e sutis como as colônias de baratas que se alojam em cantos úmidos e escuros até que o dia em que a praga estoura e você não têm mais o controle sobre nada. Hoje a vontade de devorar mundos ainda é maior. O gosto de saborear as conquistas sobre meu inimigo, de depravar o belo, de derramar o gozo e o sêmen sobre as terras inférteis e insalubres. O devir animal que desperta e me faz humano. A sintonia entre os que derrubam poderes e a pornografia causa a mesma reação de nojo ao mundo que te cerca. Desafiar um mundo te faz vivo. Criar o novo sem esquecer-se dos erros do passado. Derramar sangue para produzir vida. Derrubar muros para enforcar os medos. Os corações bombeiam o rubor eufórico do levante. Nada poderá conter a paixão que colocará fogo no paraíso e derrubará o céu. As crianças de um mundo corrupto dançam ao redor da fogueira. Sacrificam sua mocidade em nome da luxúria, estendendo suas mãos até as estrelas e arrancando o coração de deus. Hoje o mundo é liberto de mitos. Cada deus foi empalado. Nenhum grilhão. Nenhuma imagem. Nenhum herói. Hoje as crianças órfãs de mundo desabam suas lagrimas sobre a liberdade. Jogar dados. Fazer escolhas. Minhas tendências soaram negativas. Mas pensar me liberta do paraíso. Hoje eu nego o céu. Hoje as almas estão livres e o mundo arde com as chamas das paixões e das dores. Os sonhos dessa noite serão vivos e os sabores de nossos fluídos serão livres, pois hoje eu extermino o pecado.

quarta-feira, 9 de março de 2011

mais um domingo

Zombarei, de hoje em diante, de todo o passado. Queimarei cartas e livros. Escutarei uma ultima valsa e, quem sabe, dançarei um ultimo jazz solitário. Hoje toca uma canção triste. O fogo que os pergaminhos alimenta não é suficiente para iluminar ou aquecer. Prefiro assim. Os domingos andam tristes. A Janela não tem sido aberta. Tenho odiado os sons das manhãs e de vizinhos com suas falsas conquistas e felicidade. Tenho ouvido uma canção triste. Uma canção húngara. Uma bela canção, mas mesmo assim, uma canção triste. Ouvi dizer que ela foi trilha sonora de uma serie de suicídios. Ouvi falar muita coisa. Mas gosto de ouvir esta canção. Mais um domingo. Maldita manhã. Minha cabeça não consegue processar estes sorrisos tão amarelos e sem vida. Tento tapar os ouvidos, mas os ruídos continuam ecoando, fazem as paredes vibrarem, então fico aprisionado numa prisão sonora. Malditos sorrisos falsos! Não vou deixar que eles me enganem mais uma vez! Quero ouvir minha canção maldita. Ela me acalma. Tenho acordado confuso estes dias. Já são tantos dias confusos que tem se tornado rotina as tonturas antes do café. Queria um analgésico forte agora, há três dias minha cabeça dói. Nem como o sono ela me abandona. Hoje é meu domingo maldito, com minha canção maldita, com sorrisos malditos cheios de dentes e em bocas sujas e asquerosas. Escuto alguém cantarolando alguma coisa do lado da minha janela. Fico curioso, mas não quero abrir minha janela e permitir um intruso visual em minha cela. Aqui é meu sarcófago, somente eu tenho o direito de respirar o ar saturado de seu interior. Somente eu e o mofo. Nada mais. Por que insistem em deixar meu domingo triste? Por que não me esquecem em meu mausoléu e desabam sobre suas vidas fingidas? Seria mais fácil se admitissem que estão sendo consumidos. Seria mais digno. Mas preferem fingir sorrisos. Eu estou farto disso. Causa-me asco. Para que sorrir? Não tenho gostado do som de sorrisos. Ando ouvindo uma canção triste por ser umas das poucas coisas que me tem feito bem. Ando queimando lembranças. Acho que deve ser isso que tem me deixado inquieto. Apagar o passado te livra de pecados. A consciência? Desculpe... esta me abandonou há tempos atrás! Quero ser um saco vazio de hoje em diante. Vou tentar preencher minhas lacunas somente com aquilo que gosto. Sei que vai ter um espaço grande para essa canção triste. Sei disso por que ela deve ter sido escrita por alguém como eu. Um alguém que devia odiar o som de sorrisos domingo pela manhã...

sábado, 4 de dezembro de 2010

espelho

Como a cera dos ouvidos, bloqueias os sons e o mais além. Nenhuma palavra doce, nenhum gosto sincero. Os estampidos não mais atordoam e nem mais me aliviam. Não mais sinto o que queria. Braços quentes, seios únicos. Bocas inquietas e prazeres... Difícil acordar e sentir vontade, difícil acordar e imaginar esperança em goles de urina e ácido. Afogado no desconforto de alimentar-me com o azedo e sombras infortunas, satisfaço-me na sujeira de seus restos mundanos e condeno-me a insignificância de minha estrutura corpórea. Descrevo minha decadência nestes últimos goles de cerveja choca, e nos lápis gastos que rabiscam e me apunhalam. Sou alma perdida nessa fossa. Sou fruto do nada. Sou nada. Sou merda. Olha-te no espelho e enxergue minha face. Olha o vázio, este és tu

sábado, 24 de julho de 2010

o vento

A ignorância deturpou a ingenuidade e consumou o fim com lembranças e flagelos que desgastaram o sossego. Nada fez com que retomasse com a vida medíocre, pois tudo, naquele instante, era insuficiente. Sobre suas costas, carregou um mundo e mortes.De seus olhos, o negro, o abismo, rouba o brilho e desfigura as imagens que antes te dariam sorrisos. Entre tantas incógnitas e desencantos, esperou tudo que antes era terno desaparecer em meio às chamas e ruínas de um mundo que ruiu quando a noite-desgraça ceifou a vida. A agonia na carne, o estado catatônico, as cinzas. O amanhã mergulhou na noite eterna e o sol não se ergueu. O mundo não experimentou o brilho da luz refletido no orvalho fresco. Ninguém que dormia se ergueu de seu sono, pois pela manhã, assim como seus sonhos, seus corpos foram dizimados. A tempestade que cai das nuvens tóxicas engasgam os gritos, os trovões abafam os gemidos dos moribundos que aguardam que suas vidas se esvaiam e tragam o descanso. A mente sofre a perda do amor e do futuro. Nenhum muro erguido foi suficiente para deter a ameaça que veio do céu. Nada impediu o vento queimar a carne e pulverizar a vida.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

inferno

Homem máquina, homem consumo. Dento de suas carcaças cansadas, lutam por coisas que nem se quer, sabem o seu significado. Produzir. Pagar. Calos, por algo que tuas mãos, rígidas, produziram. O suor derramado. Cada gota é desperdício, é sangue. Acordar, correr, trabalhar. Sua doutrinação, ter que consumir! Trabalhar para alimentar um padrão de liberdade fingida. Lucrar para aqueles que nunca suarão a camisa. Calar-se diante daqueles que gastam as vidas sacrificadas em nome do consumo. Sete da manhã, início do expediente, inicio do inferno. Suportar aquele, que detrás de uma mesa, coloca grilhões. Seu cheiro caro, seus sapatos que custam mais que cabeças, seu rosto limpo, seu sorriso branco. Mãos que nunca ficaram ásperas por conta dos esforços. Seu sorriso, despreocupado por não ter que pagar dívidas que custam vidas, prestações, e contas que nunca cessam. Este sujeito te causa nojo, asco, vontade de estrangular sua boa aparência. Um café requentado num refeitório cheio de fedor abafado de transpiração. Tantas cabeças que foram iludidas com a pretensão de se tornarem, também, patrões. Inimigo. Sustento, palavra miserável. Agora eu entendo o significado do conceito de eternidade. Agüentar o inferno te faz entender o significado de muitas coisas.