sábado, 4 de dezembro de 2010

espelho

Como a cera dos ouvidos, bloqueias os sons e o mais além. Nenhuma palavra doce, nenhum gosto sincero. Os estampidos não mais atordoam e nem mais me aliviam. Não mais sinto o que queria. Braços quentes, seios únicos. Bocas inquietas e prazeres... Difícil acordar e sentir vontade, difícil acordar e imaginar esperança em goles de urina e ácido. Afogado no desconforto de alimentar-me com o azedo e sombras infortunas, satisfaço-me na sujeira de seus restos mundanos e condeno-me a insignificância de minha estrutura corpórea. Descrevo minha decadência nestes últimos goles de cerveja choca, e nos lápis gastos que rabiscam e me apunhalam. Sou alma perdida nessa fossa. Sou fruto do nada. Sou nada. Sou merda. Olha-te no espelho e enxergue minha face. Olha o vázio, este és tu

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