sábado, 10 de abril de 2010

purificação

O toque do ímpio. Seu jogo de escambo. Sua luxúria, que envolve na fantasia terna da enganação, do supérfluo. O sentindo vazio. Descarrego, nada categórico, de suas vontades e fetiches que se desgrenham numa diversão arrebatadora. Substituto, provisório. A decadência segue ecoando em cada beco escuro e refletindo-se em cada caco de vidro. Escasso, gasto. Suas feições surradas. O cansaço, sorriso amargo. A lama infecta de uma vida patética. O escuro, brilho opaco em olhos sem vida, sem gosto numa boca seca, sem vontade num cárcere de dependência. Rastejando sobre o tapete de piche e cimento com o nariz enfiado no paraíso sintético, encontro o afago nos braços da mãe decadência. Affair dos sem esperança. Corroído pela acidez faminta da ferida aberta no peito. Aquela que rouba a vontade e seca as lágrimas. Desassossego viral, infeccioso, profano, responsável pelo abate da carcaça e que rasga a alma. O sentido de ser forte, esse foi inalado no beijo inesquecível. Aquele que corrompe, murcha a vida, apaga os olhos. Toda a sensibilidade foi expulsa do corpo, sobrando uma sombra sobre à face. Fazendo da cabeça, uma prisão para sonhos que serão afogados e esquecidos. Saciado. Toxicamente satisfeito. Amnésia, dor no estômago. Depois da valsa da embriaguês, da queda sobre os joelhos, do arrependimento temporário, purificarei o sangue em goles de beladona e sucumbirei a mais uma noite de gozo.

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