quarta-feira, 7 de abril de 2010

difração

Tantas inquietações. A insônia, com toda sua beleza, me chega, me prova, me engole. Cada segundo padrão carregando com a enxurrada de tolices e delírios. A noite longa e decadente. Um teto que se abre e despeja luminosidade artificial sobre meus olhos enfermos. Meu cubículo me sufoca com a calmaria. Nenhum estimulo nenhuma verdade. Palavras do velho Machado, a cevada fermentada, a lentidão, e ainda assim acordado. Alucinações, cansaço. Discordo de meus pensamentos e de minhas opiniões formadas. A ausência. Nenhum corpo no meu, más ainda há álcool e insônia. Ainda há delírios e madrugada. O badalar que marca as horas, o silêncio que precede o próximo, o mau humor que goteja ácido e injúrias, insatisfeito por Morfeu não ser justo com todos. A mácula do corpo que não cede à estafa, da cabeça que não para, que se conduz sacrificando cada gota de vigor e ainda assim incapaz de cair. O sono que nunca vem. Mais bebida, menos neurônios. As horas continuam sempre implacáveis, sempre irreversíveis. Suas sementes são germinadas a cada olhar de ponteiros tornando-as imortais. Amaldiçôo os que, em seus leitos, encontram a plenitude e se afogam no sonhar. Amaldiçôo ao mesmo tempo em que os invejo, por conseguirem ser levados ao incógnito infinito. A manhã chega com seu resplendor. Castiga-me com açoites luminescentes, devorado por cada raio. Meus olhos, sensíveis pela abstinência de descanso, não se abrem. Agora vítima das imagens que se distorcem a minha frente. Sofro com a difração. Não adormeço. O despertador toca. Então saio para enfrentar o caos. Cafeína em demasia, por favor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário