quarta-feira, 7 de abril de 2010

cacos

Sede... Esta que me engasga. Esta que me desnorteia. Que rompe com a racionalidade e que se desvencilha em desejos. Vontades do uno, do sóbrio, do simples! Vontade de vivenciar o efeito do torpor, da carne, da saliva misturada a álcool, o amargo do cigarro, o contraste do áspero com a seda. O letárgico acordar da ressaca, as sensações de fraqueza, as energias roubadas, a dor no corpo que acorda retorcido, a ausência da companhia. Tantas limitações em vida. Cada trago remete a fantasias que, aos poucos, decompõe o peito. O suplicio, este rege o fim de cada noite e esmaga a cabeça, a razão. O asco na boca, sensações milhares. Vontades de coisas que nunca vêem. Ah, você! Com seu ballet de palavras que me ludibria e fascina. Que me atira a inquietude. Faz-me cair em encantos que me rouba o juízo. Você, sádica das emoções, experimentou de meu interior. E como se cravasse dentes e unhas, despedaçou-me com apenas um toque... O vício, a dependência caiu sobre mim e o ópio fez de mim, cacos.

Um comentário: