domingo, 21 de março de 2010

processo

Acordar de um sonhar ainda com sensação de embriaguês. Sabe, a cabeça confusa, músculos ainda em espasmos por causa de sensações que você acha, ou foram realmente reais. Sei lá(?)... Uma confusão dentro do âmago, um gosto amargo, insatisfações, desejos que te engolem, sufocam. Um nó na garganta, vontade de gritar... Sem forças nos pulmões...

Invariavelmente, cada centímetro de corpo pede por algo que, realmente, não consigo decifrar com exatidão. Gestos, toques, que antes eram normalmente processados por minha máquina orgânica de funcionamento, agora são tidos como incompreendidos, confundindo meu sistema... Tilt no computador central, entende?!?!

Acho que não, nem eu entendo!

Nem sei por que procuro uma resposta para uma questão que nem sei como traduzir...

Encontrar sentido em uma estrutura complexa...

Às vezes me pergunto se não séria mais fácil entender o funcionamento da cabeça, simplesmente abrindo-as a golpes de machado. Mas, nunca encorajei essa idéia. Não é nada empírico destruir o experimento! Dessa forma acabaria colocando minha cabeça numa situação delicada. Não que tenha medo, mas desafiar a fronteira, o limite da sanidade dessa forma seria, como posso dizer, um pouco constrangedor, sei lá?! Acho que as pessoas não entendem o processo da criação, da descoberta. Elas preferem se atar a dogmas que, de certa forma, para mim, é bem mais ofensivo e sádico do que machadadas no crânio! Tenho medo dessas pessoas. Olhos doentios, vazios, cheios de ódio, tudo fruto, na maioria das vezes, de uma doutrina e/ou criação realmente macabra.

Sufocar sentimentos, vontades, funções biológicas podem criar monstros. Bestas das quais você jura terem saído de um inferno dantesco. Por isso não gosto de imposições, elas criam aberrações. Frases rimadas, coisa piegas! Como não achei nada melhor, fica assim mesmo.

Pois bem, continuando...

Não gosto de instituições que acabam transformando pessoas em algo do tipo psicótico. Não que elas sejam culpadas de tudo, más veja bem, quero que entenda.

Se você pega um diamante bruto e o coloca nas mãos certas, ele se tornará algo muito precioso, belo e, talvez único, certo?! Agora se você pega o mesmo pedaço de carbono e o entrega em mãos que não tem o mínimo dom para talha, ele se tornará o que?

Isso mesmo!!! Algo sem valor, sem forma! Toda a essência foi perdida, não podendo resgatar o valor de pureza de antes.

Está entendendo? As mentes certas devem ser lapidadas pelas mãos certas.

Você quer saber se eu possuo as mãos certas?

Não me faça rir homem! Não está claro para você?

Eu sou fruto das instituições erradas! Cresci sendo alimentado pelo autoritarismo, tive todas minhas vontades reprimidas, más saí exceção a regra, eu crio coisas belas!

O que está dizendo maldito???

Não sou um assassino, sou um artista! Crio a partir do bruto, do rude, dou sentido àquilo que está apenas estático no universo! Dou o real valor ao que antes seria apenas desperdício da energia primordial. Todas as minhas obras foram estudadas, centímetro por centímetro, analisadas, interrogadas. Isso tudo fez com minhas inquietações fossem sendo tranqüilizadas.

Más agora esses sonhos, essa dualidade...

Arrependimento? Quem , eu?

Não, não! Apenas triste por ser incompreendido e agora sou vítima da minha curiosidade. Alguns vão olhar para trás e ver o rastro do que deixei e entenderão o sentido da obra.

O que diferencia a mim do grande mestre da Vince, é que a sua curiosidade pode esperar até seus exemplares estarem mortos. Más a mim, isso não faria sentido! Qual originalidade teria meu empenho em somente repetir o que fez o mestre da anatomia? E também, eu não procurava somente o funcionamento de ligamentos e músculos. Quis mais! Procurei entender a alma, a mente, e por isso pago agora. Más entendo o porquê...

Às vezes é preciso eliminar o processo de criação! E sou vítima desse processo!

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