... o velho saiu cedo como todas as manhãs. Partiu em direção a seus afazeres e o sol nem tinha saído, era cedo, muito cedo, era cedo e frio. A noite congelava, na verdade nem era mais noite, nem mesmo dia, era uma madrugada congelante, mais que as habituais. Mesmo assim o velho saiu cedo, saiu em meio a escuridão. Caminhou por entre as árvores do bosque, caminhou até o meio do breu, todo o caminho já estava mapeado em sua cabeça, ele fazia aquele percurso desde criança, fazia tudo mecanicamente desde criança... Acordava saía, cortava lenha, voltava, tomava café e retornava aos outros afazeres! Más era cedo, más que o de costume... caminhou pra cortar lenha, más não encontrou seu machado, não havia como fazer seu trabalho sem seu machado. Ele se aborreceu, xingou, gritou, socou o ar, teve um acesso colérico! Voltou correndo para seu velho barraco, ainda estava possesso, adentrou o seu decrepito lar, que o tempo tanto castigou, com tamanha violência, que quando desferiu um golpe contra a velha porta, pareceu que todo o barraco séria colocado ao chão caso houvesse um segundo golpe... Sua mulher ainda dormia, dormia o sono calmo dos esquecidos, dos abandonados até por deus! Somente aqueles dois velhos resistiam ali na solidão... seus filhos, netos... a tempos não davam sinal de existência. Os velhos ali estavam e ali ficavam esquecidos! Más o sono da velha senhora foi interrompido pela fúria do seu velho marido, que disparava insultos a tudo, a deus, a vida! Seus murmúrios, revoltas e ira chegaram até a sua velha companheira, que foi jogada ao chão, espancada, cuspida e humilhada! Todas as agressões foram gratuitas. tudo isso por um simples machado... Foi inevitável, ela precisou, ela sabia que tinha que ser daquela vez, não podia deixar que toda aquela condição se estendesse por mais tempo. Quantas vezes ela foi brutalmente surrada por aquela besta!?!? Quantas vezes foi violentada, tendo que sentir um gosto de uma vida de torturas a cada amanhecer e anoitecer?!? Muitas vezes!!! Ela permitiu-se, pela ultima vez, ser submissa, deixou pela ultima vez, sem nenhuma resistência, como de costume, deixou-se ser espancada... Tudo iria acabar como todas as outras vezes em que tudo ocorrera, pensava ele, más agora, depois de anos, a velha senhora, tinha tudo arquitetado e deixou-se, também, ser envolvida pelo ódio... Enquanto seu velho companheiro foi em direção a sua velha cadeira, sentou-se e ficou ali, como se estivesse refletindo sobre sua bestialidade, lamentando e como tantas as vezes, nem sequer pediu desculpas. Enquanto ele se refugiava, ela, quase desfigurada por causa de todos os socos e pontapés, rastejou até a velha porta que estava quase arriada ao chão, foi até ela, onde tinha deixado tudo pronto.... atrás da velha porta, estava o velho machado, estava ali desde a noite anterior. Ela se levantou, arrastou o instrumento até estar atrás do seu perpétuo agressor e com suas ultimas forças, desferiu um golpe certeiro no meio de sua cabeça, partindo-lhe o crânio e expondo aquela pasta de miolos e sangue! Pôs um fim a tortura, pôs um fim aos castigos. Dessa vez ela podia deitar-se e dessa vez ela séria esquecida por completa!
Miss Violence (Miss Violence 2013)
Há 10 anos
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